Felício Marmo: um jovem pioneiro da educação em Cosmópolis


 111 anos de uma história marcada pelo amor ao magistério

 

O primeiro professor, a primeira escola, como esquecer registros tão importantes da nossa história de vida.
Em Cosmópolis, na movimentada Avenida Ester, o local onde funcionou a primeira escola pública do município ainda resiste ao tempo, sendo a história da edificação desconhecida por muitos moradores.
Localizado ao lado de uma importante rede de magazines, construída depois da demolição do "Cine Theatro Avenida", o prédio a mais de 80 anos é utilizado como residência.
A história do local como escola surgiu em abril de 1905, com a chegada de Felício Marmo, o primeiro professor oficial da Villa de Cosmópolis. Anteriormente a esta data, só existiam escolas rurais e coloniais, como era o caso da extinta Deutsch Schule, Escola Alemã do Núcleo Colonial Campos Salles, fundada em 1896.
O constante crescimento da Vila, gerado pela Usina Esther e Carril Funilense, trazia centenas de novos moradores às terras cosmopolenses, motivando o intendente de Campinas (nome dado aos prefeitos eleitos diretamente pelo governador do estado, sem o voto popular), Antônio Alvares Lobo, em fevereiro 1904, a iniciar um concurso público para a contração de um professor para a Cosmópolis.
Neste concurso inscreveram-se apenas dois professores, sendo que somente um deles se apresentou no dia marcado pela banca examinadora, era o jovem Felício Marmo.
O professor recém-formado, era filho de imigrantes italianos da região de Salermo, há poucos anos se mudava para Campinas, vindo de Viamão-RS, cidade onde nascerá em 01 de Agosto de 1884.
A contração oficial do professor demorou quase um ano, somente no mandato como intendente de Campinas do famoso Dr. Francisco de Paula Mascarenhas que o professor Felício se mudaria para Cosmópolis em 15 de Março de 1905.
O local escolhido como escola pelo governo era uma modesta casinha, localizada no fim da Avenida Ester, uma região com poucas construções, próxima a principal porteira de acesso a Fazenda Usina Ester.

Caixas bacalhau como mesas
A escola era totalmente improvisada, não existiam carteiras e quadro negro, o governo somente enviou à vila o magistrado, o restante ficou por criatividade e iniciativa do professor, na época com 21 anos.
A contribuição dos comerciantes foi responsável pela estruturação da escola. O professor recebeu dos armazéns de secos e molhados, madeira para a construção das mesas, caixas de banha da Cia Matarazzo e de bacalhau, grandes latas de 20 litros de querosene eram usadas como cadeiras pelos jovens alunos.
O professor residia em uma hospedagem próxima à estação da Cia Funilense, e dava aulas à tarde na escola improvisada.
Nas manhãs, o jovem professor era escriturário no Armazém Grimaldi. O serviço do professor era anotar as compras dos clientes, que pagavam mensalmente ou anualmente suas contas.
À noite, o professor dava aulas particulares para adultos, na própria residência do aluno, a maioria filhas de comerciantes que não tinham condições de estudar em Campinas. A ordem dos pais era que aprendessem apenas o básico para ler a bíblia e acompanhar o livro missal nas missas católicas.
A escola somente se tornou realidade com a insistência do professor em melhorar as condições de aprendizado dos alunos, o governo lhe pagava um salário e o aluguel do salão e oferecia aos alunos apenas a cartilha de aprendizado, os demais materiais usados no dia a dia escolar eram comprados pelos alunos. Materiais comprados à duras penas pelos pais, na sua maioria pobres trabalhadores da vila, sitiantes, e funcionários da Funilense.

A nova escola
Uma disputa pessoal de duas figuras importantes da região, o Major Arthur Nogueira e o fazendeiro João de Barros Aranha, mudava a história da educação na Vila.
A divergência era a seguinte, o Major Arthur Nogueira tinha o sonho de ser prefeito de Campinas, algo que nunca conseguiu. Já seu adversário João Aranha, designado por diversas vezes como intendente da prefeitura de Campinas, nomeado diretamente pelo governador, na época o ex-presidente Campos Salles, parente próximo do Major, o que aumentava assim ainda mais as disputas entre os dois.
Nessa disputa, o jovem professor aproveitou-se para beneficiar os alunos, quando o próprio intendente de Campinas lhe deu essa dica, e acabou dando certo.
Em 1906, a nova escola se tornava uma realidade, João Aranha doou o terreno e iniciou a construção, e o Major Nogueira ao ver a atitude do adversário político, fez a doação de todos os móveis da escola.
Dessa forma, a primeira Escola pública de Cosmópolis ganhava um prédio próprio, uma pequena edificação, com uma janela e uma porta de entrada e um grande terreno que servia de pátio aos alunos.
Sua localização era entre a atual Rua Campos Salles e Antônio Carlos Nogueira, escola que, em 1925, era oficializada como Grupo Escolar de Cosmópolis, e, anos depois, tornara-se a tradicional Escola do Rodrigo (E.M.E.B. Rodrigo Octávio Langaard Menezes).

Escola Felício Marmo
O primeiro professor oficial de Cosmópolis, e fundador da primeira escola pública local, permaneceu lecionando na Vila até 20 de Janeiro de 1908, quando foi transferido pelo governo estatual para a cidade de Salto de Itu.
Como em Cosmópolis, o professor Felício foi um dos pioneiros do ensino na cidade, se destacando na história do município. Em sua trajetória profissional, lecionou em diversas escolas do Estado.
Em 1974, aos 90 anos de idade escreveu o livro "Memórias de um mestre escolar". No livro, o velho professor conta sua passagem por Cosmópolis, detalhes do povo da pequena Vila, as dificuldades do início de sua profissão.
O livro foi reeditado em 2011, pela Prefeitura Municipal de Cosmópolis, estando à disposição da população na Biblioteca Municipal. Em sua homenagem, no início dos anos 2000, no bairro Jardim Independência, foi construída a Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) Professor Felício Marmo.

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Comentários   

 
0 #4 ufkzupe 01-01-2021 16:54
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