Sanasa planeja dividir água do Jaguari, que já abastece no limite Paulínia e cidades da região

 

Após estudo e solicitação da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), o Governo de São Paulo estuda a construção de uma adutora que levará água do Rio Jaguari para ajudar no abastecimento de Campinas. Abastecida pelo Atibaia, Campinas se encontra em situação de alerta, uma vez que o nível do rio continua caindo e cada vez a captação se torna mais difícil nesse manancial.

O manancial já abastece Paulínia, Monte Mor e Hortolândia, que são atendidas pela Sabesp, e também enfrenta problemas com a estiagem prolongada. A captação somente tem sido possível porque a estatal implantou um barramento que garante o acumulo de água no local

O prefeito de Paulínia, Edson Moura Júnior (PMDB), afirmou na quarta-feira (16) que acompanha a situação e que não deseja que a cidade tenha problema com o abastecimento. “Isso pode acabar gerando impactos ambientais negativos para o rio e a mata nativa”, disse.

 

Solução emergencial

Como solução emergencial, a adutora terá cerca de 20 quilômetros de extensão e levará água do Jaguari até a estação de tratamento de esgoto de Sousas. Dessa forma, a Sanasa passará a captar água de dois rios, Atibaia e Jaguari. O sistema será capaz de transportar 1,5 metro cúbico de água por segundo até à estação.

O anúncio da solicitação da Sanasa também tem preocupado outras cidades da região. Cosmópolis não usa a água do Jaguari para abastecimento, porém os moradores demonstram preocupação com o fato. A situação do rio que passa pela cidade também merece atenção, já que o nível vem caindo consideravelmente ao longo dos últimos meses.

 

Em discussão

 

O assunto foi discutido na última reunião do Conselho da RMC, em Nova Odessa, na terça-feira, e deve voltar à pauta no próximo encontro, em agosto. O objetivo é chamar o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, para detalhar o projeto e os riscos. O prefeito de Jaguariúna, Tarcísio Chiavegato (PTB), afirmou que o rio está baixo e que se preocupa com a transposição.

 

“Se fizer, vai prejudicar Jaguariúna, Pedreira e outras cidades. Hoje já temos um nível baixo, vai diminuir ainda mais”, afirmou. O prefeito de Pedreira, Carlos Pollo (PT), afirmou que a quantidade a menos de água para os municípios trará um problema real. “É um despropósito para os municípios que dependem do Rio Jaguari. A situação é crítica. Quem olhar o rio vai entender: está baixo. Com a notícia da retirada, ficamos como?”, disse. Pedreira não tem, atualmente, outro ponto de captação de água.

 “Rio é valente”

Antônio Carlos Conservani, sócio proprietário da 7/0 Pesca e conhecedor do Jaguari, afirma que a situação que se encontra o rio é precária. “Há 50 anos dava para beber água do rio, mas isso não é mais possível há algum tempo”, recorda. Ele destaca que o rio pode sofrer ainda mais com a retirada de mais água e também prejudicar a pesca. Conservani assinala que “o rio é valente e, mesmo com todos os problemas, ainda tem peixes”, mas lamenta que a situação deve se agravar ainda mais, “pois a água está sumindo”.

Pedro Salim, proprietário da Casa do Pescador, também de Cosmópolis, é outro morador que conhece o rio há bastante tempo. Para ele, a medida não é positiva. Ele acredita que, além da pesca, prejudicará também moradores das chácaras próximas ao Jaguari e também quem faz uso da água para irrigação. Ele conta que o rio já está sendo mexido. “Recentemente, fizeram uma barragem e já teve chácara que foi alagada”, conta.

Outra questão abordada por Pedro é a situação das cidades vizinhas que fazem uso do rio onde o Estado quer construir a adutora. Ele acredita que, por causa da construção, corre-se o risco de, em cidades como Piracicaba e Limeira, faltar água.

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