Ministério Público Federal recomenda racionamento em Paulínia, mas Sabesp afirma que abastecimento segue normal
O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo recomendou, no início da semana, ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que apresentem projetos para a imediata implementação do racionamento de água nas regiões atendidas pelo Sistema Cantareira, na qual se inclui o município de Paulínia.
Questionada pelo Jornal de Paulínia sobre a situação do abastecimento de água e a possibilidade da adoção de esquema de rodízio ou mesmo de racionamento na cidade, a Sabesp ignora a recomendação do MPF e se limita a responder apenas que “apesar da estiagem e baixa vazão dos mananciais, o sistema de abastecimento em Paulínia opera normalmente”.
Ainda de acordo com e-mail encaminhado à redação pela assessoria de imprensa da Sabesp, “a companhia tem adotado medidas para garantir o abastecimento, mas é fundamental que a população economize água e evite o desperdício, como forma de preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente”.
Colapso no Cantareira
O objetivo da recomendação do MPF é evitar um colapso do conjunto de reservatórios que abastece 45% da região metropolitana da Capital e de Campinas. Na terça-feira, depois de quatro dias nublados e com ocorrência de chuva, a reserva no Cantareira era de 15,7°C, 0,7% mais baixo do estava no dia 24. Na região de Campinas, oito cidades já estão com esquema de racionamento ou rodízio no abastecimento de água.
Levantamento do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia, baseado na média dos últimos 30 anos, aponta que neste mês de agosto deve chover ainda menos do que em julho no município de Paulínia e que somente em setembro é que a estiagem deve ser amenizada.
Um estudo de pesquisadores da Unicamp indica que o volume do Sistema Cantareira pode secar totalmente em menos de 100 dias. Apesar da situação delicada e da previsão de pouca chuva nos próximos meses, o governo de São Paulo descartou o racionamento e estabeleceu apenas a concessão de descontos a quem economizar água. A Sabesp chegou a propor o aumento da vazão para manter o abastecimento em níveis contínuos, mas o comitê anticrise que monitora a situação dos reservatórios rejeitou o plano.
Rodízio descartado
Apesar da recomendação do MPF, o secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, voltou a descartar o rodízio de água nas cidades abastecidas pelo Sistema Cantareira. Desde o início da crise, o governo paulista nega a realização de rodízio de água. Na segunda (28), a Sabesp informou, em nota, que descarta uma medida tão drástica e reitera que o racionamento prejudicaria grande parcela da população, sobretudo aquela mais carente. Também afirmou que, com base nas medidas já adotadas, garante o abastecimento até 2015.
A recomendação é parte de um inquérito civil público para apurar a crise hídrica. O procedimento está sob responsabilidade dos procuradores da República Adilson Paulo Prudente do Amaral Filho, Priscila Costa Schreiner e Suzana Fairbanks Oliveira Schnitzlein.
O governo e a Sabesp têm até quinta-feira (7) para informar as providências a serem tomadas em relação à recomendação. Arce disse que apresentará ao MPF a “argumentação técnica para que a gente possa convencê-los que esse rodízio não trará nenhum benefício na situação que estamos vivendo atualmente”. A Procuradoria não descarta a adoção de medidas judiciais caso o governo não atenda a medida.
Ministério Público quer impedir utilização de nova parcela do volume morto do Cantareira
Comentários
Assine o RSS dos comentários